Quem é o Junior que quer desafiar o Flamengo?

Exigimos do técnico e dos jogadores que ganhem do Flamengo. Não sei se vamos ganhar a Copa Libertadores… (aplausos)” . Palavras de Fuad Char, 82 anos, presidente do Junior de Barranquilla. Ele montou o time mais caro da história do clube apesar da saída de um de seus principais jogadores, Victor Cantillo. Nove atletas foram contratados. O mais famoso é Miguel Borja, ex-Palmeiras.

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Dono de um dos maiores conglomerados empresariais da Colômbia, Char construiu um império a partir de um pequeno armazém herdado de seu pai, um sírio que chegou a Barranquilla nos anos 1920. Já foi senador da república e tem filhos na política. Um deles era prefeito até o final do ano passado.

Nos últimos anos Char vem aumentando gradativamente os investimentos no time de futebol que comprou em 1972. Bateu na trave para ganhar a sul-americana em 2018 – e ninguém pode dizer que não seria merecido. Esteve nas três últimas finais de campeonatos colombianos e ganhou duas delas. O Junior é hoje o clube mais forte de seu país.

Para a reserva de Borja trouxe o experiente Carmelo Valencia (35 anos), autor de dez gols pelo Cúcuta e 2019. Além disso, recontratou o baixinho Sherman Cardenas (30 anos) que estava no Bucaramanga; tirou o zagueiro Dany Rosero do Deportivo Cali; o forte volante Larry Vásquez do Tolima; pegou o lateral-direito Fabián Viáfara que fez grande temporada do Deportivo Pasto; o volante Didier Moreno que estava no Independiente Medellín e se aproxima do estilo de Cantillo; o irregular meia Cristian Higuita do Orlando City e o bom lateral-esquerdo Jeison Angulo, que estava no Pumas do México. Às exceções de Borja e Higuita todos foram titulares e destaques de suas equipes em 2019.

Teo Gutierrez segue como referência técnica no ataque. Ele joga mais com um meia, um vértice de triangulações, do que como um atacante finalizador, embora entre muito na área. Sua inteligência na construção dos ataques é uma das forças do Junior.

Nas contas de Fuad Char se o time chegar às quartas de final da Libertadores e ganhar um título nacional o investimento estará coberto. Mas ele não cobra só dos jogadores e do técnico. Quer maior presença da torcida e melhor gestão dos direitos televisivos do campeonato colombiano.

Barranquilla é uma cidade bem diferente da capital Bogotá, ou mesmo de Medellín e Cali, que ficam na região montanhosa da Colômbia. A sede do Junior pertence ao Caribe colombiano embora não seja uma cidade exatamente litorânea. Fica até perto do mar, mas se desenvolveu às margens (nos barrancos) do rio Magdalena. Seu porto fluvial recebe há décadas muitos imigrantes de todas as partes do mundo o que lhe confere uma característica única no país. Tem hoje cerca de dois milhões de habitantes.

O estádio Metropolitanto foi construído para a Copa do Mundo de 1986, que seria disputada na Colômbia. Por isso tem grandes proporções. É lá que a seleção manda seus jogos de eliminatórias tentando usar o calor do clima da apaixonada torcida para desestabilizar os visitantes. É para lá que o Junior quer deslocar também o protagonismo do futebol de clubes em seu país. Para isso precisa de campanhas mais impactantes na Libertadores. Precisa ultrapassar seus limites nacionais. E ganhar do Flamengo seria um baita cartão de visitas.

 

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